Meditação de Quinta

O Inferno


1º O inferno é um local destinado a Justiça divina para castigar com suplícios eternos o que morrem em pecado mortal.
A primeira pena que os condenados padecem no inferno é a dos sentidos, por ser todo o seu corpo atormentado por um fogo que arde horrivelmente sem jamais diminuir.
Esse fogo penetrará pelos olhos, pela boca e por todo o corpo, e cada um dos sentidos padecerá uma pena especial.
Os olhos ficarão obscurecidos pelo fumo e pelas trevas, e aterrorizados ao ver os demônios e os demais condenados.
Os ouvidos não ouvirão incessantemente senão gritos uivos prantos e blasfêmias.
O olfato será atormentado com o mau cheiro do enxofre e betume ardentes, que o sufocará.
A boca sofrerá ardentíssima e padecerá uma fome canina: " Sofrerão fome como cães" (Salmo 58,7;15).
Deus permitiu que o rico Epulão, em meio àqueles tormentos, dirigisse um olhar a Lázaro, pedindo por misericórdia uma gota de água para aliviar o ardor que o consumia; mas até esta lhe foi negada.
Aqueles infelizes, em meio às chamas, devorados pela fome e sede, atormentados por um fogo que não cessa, bradam, uivam e se desesperam.
Ah! Inferno, inferno, como são desgraçados os que caem nos teus abismos!
E tu filho, que dizes?
Se tivesses que morrer neste momento, para onde irias?
Se não podes suportar agora, sem gritar de dor a ligeira chama de uma vela na mão, como poderás sofrer aquelas chamas por toda eternidade?
2º Considera por um outro lado, meu filho, o remorso que sentirá a consciência dos condenados. Sua memória, entendimento e vontade padecerão terríveis tormentos.
Recordarão continuamente o motivo porque se perderam, isto é, por terem querido satisfazer uma paixão qualquer; e esse pensamento será para eles um verme roedor que jamais morrerá.
Pensarão no tempo que Deus lhes tinha concedido para salvar-se da perdição; nos bons exemplos de seus companheiros; nos propósitos formados e não postos em prática. pensarão nas pregações ouvidas, nos conselhos de seus confessores, nas boas inspirações para deixar o pecado... E, vendo que já não há remédio, lançarão uivos desesperados.
A vontade jamais terá nada do que deseja, sofrendo pelo contrário todos males.
O entendimento conhecerá o bem imenso que perdeu. A alma, separada do corpo e apresentada diante do divino tribunal, entreviu a beleza de Deus, conheceu sua bondade, contemplou por um instante o esplendor do Paraíso, terá ouvido talvez os dulcíssimos e harmoniosos cantos dos Anjos e Bem-aventurados. Que dor, vendo que tudo isso lhe é arrebatado para sempre!
Que horrorosos tormentos! Quem poderá suportá-los?
3º Meu filho, que agora não te preocupas em perder a Deus e o Paraíso! Esperas por acaso conhecer tua cegueira quando tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, estiverem gloriosos e triunfantes no reino dos céus, e tu estiveres maldito por Deus e arrojado fora daquela pátria bem-aventurada, do gozo de Deus da companhia da Virgem Santíssima  e dos Santos?
Decide-te, pois a servir pois a servir ao Senhor, e faz penitência. Não aguardes para quando não haja mais tempo. Entrega-te a Deus. Quem sabe se esta meditação não será o teu último chamado da graça! Se não correspondes a ele, tu te expões a que Deus te abandone e te deixe cair nos ternos suplícios.
Ah! Senhor, livrai-me das penas do inferno!

Nenhum comentário:

Postar um comentário